terça-feira, janeiro 15, 2008

O Caminho

Eram já sete horas e eu atrasado. Corri atrapalhado para a estação mais próxima e ainda consegui apanhar o último comboio. Foi uma sorte! É cansativo viver longe, aliás o próprio dia-a-dia, longe ou perto, é cansativo. Mas esse dia, o dia dez de Novembro nunca esquecerei. Abriram-se as portas do meu imaginário. Não sei se foi positivo, sei apenas que não esqueço e isso é tudo o que tenho. Levaram-me tudo, mas as memórias, essas, são só minhas.

Sentei-me no único banco vazio, pus a pasta ao colo e suspirei de alívio, as minhas pernas não aguentavam mais. Comecei a observar as pessoas. Quando não se tem nada para fazer, pensa-se na vida ou em outras vidas, naquele momento preferi a segunda hipótese, não suportaria recordar-me depois de uma árdua caminhada, pois tinha conseguido finalmente algum conforto e sossego.

Observava tudo, todos os pormenores, todas as distracções e maldades e no entanto tanta gente, mas ninguém, tantas conversas e o silêncio. Desliguei-me de tudo, não valia a pena desperdiçar tempo com palavras que eu sabia, não valia... Mas lá no fundo, no último banco, a luz era diferente. Levantei-me para ver melhor.

(to be continued)

1 comentário:

Carina Oliveira disse...

Olha que boa surpresa, este texto...
Gostei imenso.
Aguardo ansiosa pela continuação.

Muito bem escrito.

Grande beijo