Tenho comigo um trabalho que fiz no mês de Agosto. Um trabalho que foi um dos maiores desafios que tive a nível profissional. Não porque esteja particularmente bem feito, mas porque exigiu muito de mim. Muitas horas, muitas noites sem dormir. Muitas dores de cabeça... muitos mal entendidos. Muita coisa muito pouco boa.
Tenho-o comigo, um dos milhares de exemplares espalhados pelo país e a sensação não é a de orgulho. É uma sensação angustiante de quem olha para uma coisa e não a reconhece. É uma sensação de falta de amor. Muitas coisas foram alteradas, desde a última maquete e eu tive a surpresa de ver o que ficou e o que não ficou.
Consigo entender o valor que dou aos objectos. Desta vez consigo sair de mim e perceber nitidamente o que aqui correu mal. O que me fez no meio do sucesso sentir-me assim, assim-mais-ou-menos-qualquer-coisa. É que ele tirou de mim, os mimos da minha filha, tirou-me a festinha quando me deito. As brincadeiras no banho. Ele tirou de mim, um jantar com o meu marido, tirou-me o café com a amiga. Tirou-me o pequeno almoço de manhã. Tirou-me o passeio sossegado com o meu cão. Tirou-me o amor que tenho pelas minhas coisas e no fim não ouvi, nem PARABÉNS, nem OBRIGADO, nem BOM TRABALHO, nem o raio que me parta. Não ouvi nenhuma dessas palavras. Hoje entendo que essas palavras não existem naquele mundo e que eu prefiro o meu desengonçado e imperfeito, feito com choros e birras. Prefiro, 1000 vezes...
Eu escolho o amor.
(e fica aqui a quem deve, o meu muito obrigada e um queijo!)