terça-feira, setembro 26, 2006

Ser mulher e mãe

Desde que trabalho (há quase 10 anos), nunca senti qualquer tipo de discriminação relativamente aos meus colegas homens.

Ou melhor, nunca tinha sentido, até ser mãe.

Depois de ser mãe, passei de profissional-competente-que-até-se-esforça, para aquela-que-esteve-5-meses-em-casa-entra-depois-e-sai-antes-de-todos-os-outros. Deixei de ter direito a aumentos, lugares de garagem e no meu ponto de vista deixei totalmente de ter direito a ser respeitada. Respeitada como MULHER E MÃE. Respeitada como profissional. Respeitada como pessoa.

E depois engolimos uns sapos, porque até precisamos e auto-convencemo-nos que o importante da nossa vida não é o trabalho, mas sim a família.

Nunca me consegui convencer muito disso. Não consegui porque preciso de trabalhar para me sentir útil, mais completa. Porque me exercita o intelecto. Porque me arranca de casa e me faz comunicar com outras pessoas. Porque me faz conhecer pessoas diferentes, com pensares diferentes. Porque me faz sentir mais eu.

Eu disse que precisava de trabalhar, não disse que precisava de entrar numa guerra aberta para poder fazê-lo. Ou não existe alternativa e, se queremos trabalhar temos de baixar as orelhas a tudo e pedir "ósefaxfavor" para poder usufruir de algum direito.

Estou farta, cansada de pedir por favor, a coisas que não devia.

Se todas nós parássemos um bocadinho para pensar nisto, atribuindo-nos o valor real que temos, em todas as funções e papéis que desempenhamos. Se todas nós tentássemos ter DIREITO aos DIREITOS sem parecer que eles são BÓNUS, talvez amanhã fossemos mais respeitadas.

Eu hoje vou ser mais respeitada.

14 comentários:

Anónimo disse...

Senti alguma discriminação na fase do entrar mais tarde e sair mais deco, principalmente pelas colegas de trabalho.

Notar bem - são todas mulheres!!!

Anónimo disse...

olá,
é a 1ª vez que comento ... passo por cá com frequência mas ainda não tinha surgido a vontade de comentar.

Agora sim!

Fui mãe em Fev/2005 e senti exactamente o mesmo. Mesmo mesmo o mesmo!

Tomei a mesma decisão e agora já me sinto mais respeitada. Mas sei que num próximo filho vou voltar a sentir o mesmo!

beijinhos, e parabéns!

Anónimo disse...

eu usufruo de todo os meus DIREITOS e tb tenho de engolir os tais sapos... e também há bocas sobre o meu horário, e sobre a licença de parto QUE NÃO SÃO FÉRIAS! no país que temos é assim... infelizmente!
E agora quando souberem que vem aí o 2º nem quero imaginar... enfim!
Bjs

Anónimo disse...

AHHHH boa! Percebo-te tão bem, nem imaginas. E não notas que depois de seres mãe ficaste muito mais produtiva? Ou seja que fazes o mesmo em menos tempo?

Anónimo disse...

Infelizmente é assim... temos de engolir uns sapos bem grandes, mas não deixo de exigir os meus direitos por causa disso.
é engraçado ver as pessoas a olham de lado e fazem comentários, cada vez que temos de faltar por causa dos nossos filhos, mas esquecem-se que muitas vezes as mulheres deles tb fazem o mesmo.
Mas essas não contam...
Bjs

Anónimo disse...

Força mulher......obrigada pelo post!

Anónimo disse...

Ana, infelizmente acredito que milhares de mulheres se revêem nas tuas palavras... E eu não sei se não virei a ser uma delas...
A verdade é que se todas usufruíssemos dos nossos DIREITOS não haveriam excepções à regra, que degeneram em abusos e incumprimentos. Se uma abdicou, tu também podes abdicar e a bola de neve vai-se formando... Daqui a nada a lei só existe no papel. Não pode ser...
Beijinhos!

Anónimo disse...

Ana, infelizmente acredito que milhares de mulheres se revêem nas tuas palavras... E eu não sei se não virei a ser uma delas...
A verdade é que se todas usufruíssemos dos nossos DIREITOS não haveriam excepções à regra, que degeneram em abusos e incumprimentos. Se uma abdicou, tu também podes abdicar e a bola de neve vai-se formando... Daqui a nada a lei só existe no papel. Não pode ser...
Beijinhos!

Anónimo disse...

Ana, infelizmente acredito que milhares de mulheres se revêem nas tuas palavras... E eu não sei se não virei a ser uma delas...
A verdade é que se todas usufruíssemos dos nossos DIREITOS não haveriam excepções à regra, que degeneram em abusos e incumprimentos. Se uma abdicou, tu também podes abdicar e a bola de neve vai-se formando... Daqui a nada a lei só existe no papel. Não pode ser...
Beijinhos!

Anónimo disse...

Pois eu acho que aí continuo a preferir trabalhar essencialmente com homens.
Tenho sorte. Um patrão q foi pai 3 meses antes. Tive mesmo sorte. Sou respeitada e valorizada.
Mas tb nunca tive que faltar. Vamos a ver no dia em que for preciso!:S

Beijocas e força!

Anónimo disse...

Assim é que se fala. Força!
Eu por cá vou fazendo o mesmo, ainda sem entrar em guerra aberta, mas lá perto...

Anónimo disse...

The real world.... infelizmente! É uma porcaria a posição em que ficamos. Acho que os direitos que temos ainda são poucos!!! Mas enfim. Às vezes, penso que Deus sem avisar, devia de tornar os homens férteis, daqui a um mês começavam a aparecer grávidos e daqui a um ano, todos passávamos a ter 1 ano de licença de parto, com remuneração a 300%, 10 anos de licença de aleitamento e horário a meio tempo!!!

Beijos

Anónimo disse...

Infelizmente é assim.
É preciso lutarmos para que os nossos direitos não sejam vistos como bónus e que o nosso trabalho é tão válido, como antes de sermos mães.

Anónimo disse...

Ai se eu contá-sse o que passei..... Só vou dar um exemplo, estive 2 meses de cama devido a uma hemorregia algo grave, quando cheguei ao trabalho ouvi coisas que me deixaram incrédula.. uma delas foi que tinha estado de FÉRIAS!!! A licença de parto foi outra odisseia...Como te compreendo. O pior foi que no meio dos meus colegas homens tinha uma mulher que me tratava de igual maneira!! Há pessoas muito mesquinhas!!! Tens mesmo que te IMPÔR! Bj.